sábado, novembro 16, 2013

O silêncio das Palavras



  Busco o sentido dos sentidos; o significado dos significados.

O desespero, a angústia, a tristeza, não são categorias bélicas, mas
promovem guerras internas onde não há vencedor nem vencido. 
São os pequenos combates do espírito onde se instala um clamor “ para  dentro”.

Conjecturo.

Observo, placidamente, o que me é dado observar. Como quem observa uma obra de arte.
Tento não confundir o que nela é específico com a especificidade humana.
Tento obter uma visão da totalidade sem me confinar a visões
sectoriais de modo a manter intacta a dignidade dos valores positivos.
Sinto a crispação do ver inteligente, de um ver que não vê mas prevê.
Um nevoeiro denso e opaco penetra-me, instalando-se nos socalcos
da alma, plantando a remota certeza de que um dia outros olhos fitarão os teus olhos.
São estilhaços de consciência que o mar transporta em ritmo lento. 
O ritmo possível do fluxo imposto.
Não quero ficar aqui à pesca dos restos do previsível naufrágio.
Quero viver hoje o destino.
Não preciso de espaços nem de tempos.
Fazem-me sentir paradoxalmente apressada.
Só quero o ritmo normal das coisas.

A minha pressa é actuante. 
Quero conjugar, diariamente, o verbo amar.

Sinto-me conduzida, qual aluna socrática, a trilhar caminhos que não desejo mas que mos apresentam de modo pungente.
Cada vez mais a voz se me amacia na seda das janelas cerradas, onde o silêncio se acomoda em grilhetas de veludo.

Dói-me não transferir esta « ânsia do peito para os teus braços.»