Subtileza
Há perguntas que me assolam de uma forma tão ansiosa.
Mas o silêncio penetra-me os poros e amordaço-as, olvidando o seu apelo.
Renuncio ao seu chamamento.
Deixo-as secar como flores sem água. Sem sol. Sem húmus.
Fecho os olhos.
O chão move-se sob os meus pés.
Cambaleio.
Cores gritam, espantadas, em frente dos meus olhos fechados.
Pintam telas de Magritte, umas vezes. Outras tantas, de Coulbert.
A coragem para as escutar abandona-me. Temo confrontar-me com a verdade.
De certo modo, socam os alicerces que se queriam sólidos.
Plantam pessimismo na seara do optimismo.
E numa subtil reviravolta, a alegria transforma-se em melancolia; a crença em descrença.
Sinto que algo se oculta dentro do que imediatamente existe.
Algo transmutativo.
Toda a viagem carece de adaptação; confiança; tolerância; compreensão e, acima de tudo, de diálogo.
Mas erguem-me muros de silêncio.
Como castelos fortificados defendidos dos ataques da vida;
Como bofetadas endurecidas.
E as interrogações voltam a assolar-me.
Só me resta o recurso de pensar.
Abismo-me em pensamentos.
A verdade entranha-se-me na pele e deita-se na alma.
Esforço-me para entender aquilo que não me é entendível.
Procuro caminhos, viso soluções.
Não encontro convergência de vontades para que o diálogo pleno aconteça.
Já não me pasmo. Nem me assusto.
Só a mágoa e a tristeza me alaga o peito.
Sorrio-lhes com ternura. Trato-as por tu.