domingo, setembro 24, 2006

Umas pequenas férias



Pois é...

Também eu vou tirar uns dias de férias..

Acho que as mereço. Sorrio.

Aos Amigos que têm a paciência de ler as minhas «parvoices».... um beijo e um carinho do tamanho do Mundo (Sou uma exagerada, pensá-lo-ão. :) )

Daqui a uns dias voltarei.

Irei fazer-vos as minhas habituais e carinhosas visitas.

Até lá.......*

sábado, setembro 16, 2006

O sonho comanda a vida

[ Patio das Cantinas. Univ. Coimbra. ] Estou no bar da «minha» Faculdade. Perscruto a «alma» académica desta geração de estudantes. Tento perceber a razão que está subjacente às suas lutas estudantis, mas em vão. Recordo as lutas em que estive envolvida e a comparação é inevitável. Bem sei que a minha geração foi muito influenciada pela Revolução de Abril que tinha ocorrido 12/14 anos antes. Lutávamos contra ou por amor a uma ideologia. Esta geração (perdoem-me) sinto-a vazia das mesmas. Não as questionam, nem as defendem. Simplesmente desconhecem-nas. Vejo-os sem sonhos colectivos. Primam pelo individualismo. Liberdade, Igualdade, Fraternidade ... (valores introduzidos pela Rev. Francesa e motor de tantas lutas sociais ), são conceitos cujo conteúdo não lhes é perceptível. Retrocedo no tempo. Sorrio ao recordar a fogosidade com que discursávamos ao defender a nossa « dama »; As noites que passei a discutir « O Capital » do Marx.. A ler as obras de Lenine.. O « Mein Kampf » do Hitler.. Os Estatutos do PSD ou o Manifesto do Partido Comunista. Era necessário conhecer para poder repudiar ou defender. Naquela altura, para além da Universidade, o centro nevrálgico da vida estudantil era a Praça da República. Toda a gente se encontrava sem ser necessária uma combinação prévia. Telemóvel era coisa de« George Lucas ou de Spilberg.» Nessa Praça existiam 4 cafés: O « Académico » frequentado pelos estudantes da JSD; O « Mandarim » pelos estudantes do CDS; O « Pigalle » pelos da J. Socialista E o « Tropical » ( pomposamente apelidado de Kremlin ) pelos da U.E.C./J.C.P. Ninguém se misturava. Cada macaco no seu galho. Eu era uma jovem « passionária » apaixonada pelo Che Guevara ( ainda hoje é uma figura que me deslumbra ). Tinha um longo cabelo aloirado, repartido por duas tranças e uma franja a cobrir-me a testa. Andava sempre com uma boina basca onde, à frente, colocava um emblema em forma de estrela. Tantos sonhos ideológicos povoavam a minha mente. Tanta utopia. Sorrio com nostalgia. Esta geração de estudantes não luta. Sinto-os acomodados. Confrange-me a sua passividade. Estão numa idade em que deviam ser contestatários, interventivos e rebeldes em relação ao poder instalado. Se agora, com 20 anos, não reivindicam, como será quando tiverem 40...?! Seguramente serão uns autómatos, uns « yes, man ». Divago. Ainda acredito que, se os Homens quisessem, era possível construir uma sociedade melhor. Continuo a mesma sonhadora. Como diz Gedeão na sua Pedra Filosofal: « ... o sonho comanda a vida e sempre que o Homem sonha, o Mundo pula e avança ... »

domingo, setembro 10, 2006

Desencontros Temporais



Após um dia de trabalho, Alexandra regressava a casa, ansiosa por
«estar » com Carlos.
Trazia-o, como sempre, no pensamento.
Apetecia-lhe escutar a voz... a sua voz macia de timbre suave e quente..
Indecisa, não sabia se havia de lhe telefonar ou não.
Eis que toca o telemóvel.
Não cabia em si de contente. Era ele.
Notou que algo se passava.. o seu tom de voz estava diferente. Trazia a frieza das noites invernais.
E as suas palavras.. um gelo que, aos poucos, se lhe entranhou nos ossos, petrificando-a..
A alegria esvaneceu-se quando o ouviu pedir-lhe... « um tempo.»
Queria... «um tempo!!»

Se a conhecesse bem saberia que não lhe daria tempo.
Que o tempo que ele necessitava para se encontrar, seria o mesmo que ela necessitaria para o esquecer.
Era... «um tempo» sem retorno.

Alexandra disse-lhe que, quando se ama, não há «tempos» nem pausas.
A vida não tem desvios... nem demoras..
Ou se luta para manter acesa a chama... sem tempos, sem separações...
Ou não se ama... e seguem-se caminhos diferentes..

Apesar das palavras dela... Carlos quis... «o tempo».

Ela fingiu que lho dava... sabendo que estavam a perder-se de si próprios.

Analisando em retrospectiva, Alexandra sabia que tudo já estava a terminar.
As mensagens, outrora enviadas em catadupa, tinham rareado, os telefonemas quase que desapareceram e a doçura da sua voz transformara-se em indiferença..

Ele não sabia explicar... a confusão, a ausência, a inércia... que sentia..

Um dia...
Carlos tentou regressar..
Alexandra recebeu-o... sabendo que o tempo tinha feito danos..

Era impossível o retorno aos momentos... em que os seus olhos prendiam-se nos dele como duas gotas de orvalho presas numa folha..
Em que o sopro da sua voz a fazia estremecer de desejo... de paixão...
Em que acreditava no que lia na profundeza do seu olhar..

No seu íntimo, Alexandra sabia que já não eram presente, mas sim um passado que teimosamente se queria prolongar...

«O tempo»...
Levou o tempo..
Em que os silêncios eram cúmplices e falavam...
Em que os corpos tremiam de paixão na ânsia da entrega..
Em que o toque dos dedos arrepiava todo os seus seres...

Como a água dos rios... leva outras águas, até nada ficar de ambos.