sábado, junho 30, 2007

Canção Grata





Releio poemas que te enviei..
Demoro-me neste..
A humidade das lágrimas ainda o habita.
Deixo-o aqui com um sorriso nos lábios.
E atrevo-me, no fim, a «plagiar» o poeta.



« Por tudo o que me deste:
- Inquietação, cuidado,
(Um pouco de ternura? É certo, mas tão pouco!)
Noites de insónia,pelas ruas, como um louco...
- Obrigado, obrigado!

Por aquela tão doce e tão breve ilusão.
(Embora nunca mais, depois que a vi desfeita,
Eu volte a ser quem fui), sem ironia: aceita
A minha gratidão!

Que bem me faz, agora, o mal que me fizeste!
- Mais forte, mais sereno, e livre, e descuidado...
Sem ironia, amor: - Obrigado, obrigado
Por tudo o que me deste! »

[ Carlos Queiroz ]


Pela tua volta sentida
Perene de paixão,
Pela tua insistência
Em me dares a mão.
- aceita a minha gratidão.

Pelo árduo caminho
Não antes vagueado,
Pelo teu retorno
Já não magoado,
- aceita o meu obrigado.

Que bem me faz, agora,
O fogo do teu ardor,
O desvelo persistente
Diferente do outrora,
O seu pujante clamor,
- aceito o teu amor.

quinta-feira, junho 21, 2007

Phenix




«Muitas vezes te esperei, perdi a conta,
Longas manhãs te esperei tremendo. Que me importa
Que me batam à porta, façam chegar
Jornais, ou cartas, de amizade um pouco
- tanto pó sobre os móveis da tua ausência.. »

[ Fernando Assis Pacheco ]



Longo foi o tempo de trevas..
Memórias guardadas, obscurecidas pela névoa da ausência..
«Muitas vezes te esperei, perdi a conta..»
Raios de sol aqueceram o Inverno que a tua partida causou.
A dor .. emurcheceu..
O teu rosto, não.
A tua volta esbarrou na dor amordaçada, nas ilusões entretanto criadas..
« Que me importa.. que me batam à porta..»
Bateste, não te escutei..
Teimosamente.. encostei-me para que se não abrisse.
Mas o teu toque despertava-me para outros toques..
Tão ausentes.. tão presentes..
E o teu rosto cintilava..
A tua voz, quente, embalava-me..
resgatando-me de outras dores.
A tua persistência derrubava os muros.
Continuavas em mim!
Transpuseste o degrau que teimosamente nos separava.
Olhei-te..
Olhaste-me..
E nesse profundo encontro, reconheci a boca que pensava perdida.. As mãos que me enlouqueciam, o cheiro que me inebriava..
Revivemo-nos..

quarta-feira, junho 13, 2007

Um Grande Amor



Assim que o viu, apaixonou-se perdidamente..
Foi como se toda a vida o tivesse conhecido.
Um encontro de almas gémeas.
Um dia sem o ter, ou sem o sentir, ficava perdida, nervosa, com o peito pungentemente apertado.

Era sempre ela que o procurava.
Que ia ao seu encontro.
Dócil... submissa... carente...

Invadia-a uma saudade tamanha.. do seu sabor.
Queria-o na sua boca.
Nunca julgou as suas intenções. Fora de questão fazê-lo.
Amava-o demasiado para colocar em perigo a relação.

O seu primeiro contacto foi explosivo.. intenso... quente.. e inexplicável.

Aguardava-o..
Como sempre...

As suas mãos, nervosas, espraiavam-se sobre a mesa.
Pensava nele.
No quanto o amava.
Olhava para o telemóvel para ver as horas.
Estava a ficar tarde.
A impaciência apoderava-se dela.
Ele demorava.

«- Ora bem, aqui está.»
Disse a empregada , pousando na mesa uma chávena de café aromático e cremoso.
Era ele!
Finalmente tinha chegado!
O seu café.

Levou-o aos lábios e deixou-se possuir.