terça-feira, maio 30, 2006

L. Cohen: O Poeta


No preciso momento em que o concerto de L. Cohen, que tanto admiro, se instala no meu sentir, pergunto-me num desafio:
«porque estou tão fragilizada?...»
Faço um movimento e a música deixa de existir como manifestação objectiva da minha sensibilidade para regressar a coisa disponível, objecto que se pode ou não pôr em acção … Um disco.
Um disco simplesmente.
Uma mercadoria. Uma coisa.
Cúmplice de mim própria, estrangulo a voz de Cohen, corto-lhe a vida.
A vida não é apenas escutá-lo religiosamente.
Não sei porquê, o que em mim sente recusa-se a sentir, o que em mim pensa impõe-se-me como pensamento.
Não sei se a grandeza é pensar, se sentir.
Os dois modos, certamente.
Vencida, domada perante os acordes finais, estremeço e vibro.
Depois, um silêncio que se prolonga na noite cálida.
Cohen esvanece-se, silencia-se.
Um dia destes desafiá-lo-ei a regressar ao meu convívio.
[ Musica de Fundo: «Dance Me To The End Of Love» ]

segunda-feira, maio 29, 2006

Diário prenhe de empatia e cumplicidade



Inicio este «projecto» sem qualquer concepção prévia.
Será um recanto de Amigos.
Intimista para uns, de curiosidade para outros.: )

Gosto de aqui estar.

Será como uma companhia silenciosa que me incentivará na busca de memórias, de prazeres e de reflexões íntimas. Que me «obrigará» a um exercício mental diário.
Aqui, nestes momentos cúmplices, reinará muita das vezes a auto-crítica, o juízo crítico, por muito que o coração demonstre albergar a fantasia.
Será um diálogo com a própria consciência.

Em rigor, não há diálogo sem a activa presença de «um outro», pois se connosco conversamos, anulamos a comunicação na insólita tentativa de nos objectivarmos como sujeitos.

Às vezes o que penso é tão vasto que a palavra não chega para abranger a plenitude do discurso.
Em cada pensamento que se perde, outro se ganha …Não me invento. Vivo, existo, sou como qualquer mulher.
E sou eu que estou em face de mim, comigo e de ... outrem.

Forço-me à conclusão de que o meu viver e as minhas vivências são pobres de mais para se transferirem em exemplos, para se transfigurarem em «literaturas».

Cada um inventa uma forma de comunicar.
Eu encontrei esta forma.
Projecto vago, por vezes mais intuído que concebido, às vezes mais pensado que intuído.

Nem plano possui este «Diário», pois é tão difuso, esfumado e translúcido como uma nuvem.
É isso somente:
Um «Diário» prenhe de empatia e cumplicidade.