quarta-feira, novembro 11, 2020

Sonetos de Amor Entrelaçado


 « Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma... Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.

Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.

E em duas bocas uma língua..., — unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.

Depois... — abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce! »

[ José Régio ]



Não te peço palavras, nem baladas,
Nem promessas, nem juras, de premeio,
Deixa as minhas pernas entrelaçadas,
Conduzirem-te adentro do meu meio.

E que os teus lábios me cubram o seio,
Com mil caricias acetinadas,
Estremeço em completo devaneio,
Por entre as tuas águas agitadas.

E na procura do teu sexo quente,
A boca em busca dum beijo fremente,
Navega, assim, p'lo teu corpo suado.

E nessa nossa dança tão intensa,
De amor, carinho e paixão imensa,
Renasço nos teus braços, meu amado.