Confluência
Um vento outonal, um vento feminino,
nasce-me nas pontas dos dedos
e sopra de encontro ao teu mar
para tornar mais concreto o beijo,
ondulado na maré da espera.
Vagas lentas e aprazíveis segredam carícias
envoltas em espuma branca,
que irão cobrir o carmim dos teus lábios.
Enquanto o tempo decorre
como essas águas que percorre,
saltam das conchas ânsias sussurradas
que se sentam no cais da esperança,
dedilhando harpas de ilusão.
Cansada, chego, por fim,
ao estuário dos teus braços
e entrego-me numa corrente de silêncio.
Tocamos as nuvens deitados num leito de estrelas,
sentindo o mar fundir-se com o céu
na linha esbatida do horizonte.
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