Bruma
Espero a claridade de cada dia que renasce, como se em mim renascesse a primavera.
Escorrego da sombra e espio a luz.
Elevo os olhos, turvos, para o céu e a voz morre-me na garganta.
O ar que, no sonho da noite, imaginei nítido e brilhante, povoado de livres gaivotas, recolhe-se na gruta sombria do silêncio.
E tudo em redor fica tão frio e opaco.
Catadupas de águas mornas, sulfurosas, emergem de crateras invisíveis, alagando as paredes rochosas até as transformar em areia, depositando a esquiva labareda da intuição.