Corações, Amor e Desejo
Cuido que o amor, muitas vezes, pulsa desabalado ao ritmo
de desencontrados corações.
Há corações cheios; corações vazios…
Corações de lenta batida monótona, desafinada e baça.. Quase insonora.
Corações de batida desordenada, acelerada. Pulsante.
Corações saudosos..
Corações petrificados..
Assim reflectindo, interrogo-me:
Entregar-se-ão, todos, aos ventos favoráveis do amor?
Ou, só alguns, conseguem nutrir tal sentir?
Os que não amam, desejam?
Ou amam o amor que outros nutrem por eles,
sentindo paixão por esse amor demonstrado?
E, após o fenecer da paixão, assistem, petrificados,
à debandada do desejo da sua pele de amante?
O desejo, depois de saciado, é uma corrente de
fogo frio, onde o silêncio e a indiferença se prende
ao peito, cobertos pela cinza da solidão. Não sente amor.
Alimenta-se dele.
Pulula de desejo em desejo onde atear a chama entorpecida.
Já o amor, transporta-nos à cratera da vida, onde nos saciamos
com o elixir da felicidade, alimentados pelo grão da esperança,
amassados no pão da confiança.
Ao coração enamorado, basta-lhe esse outro coração enamorado.
Batem em uníssono. Pulsam ao mesmo ritmo. Desejam-se na paixão.
Buscam-se na ausência.