« Cogitare »
Assolar-me-á o sentimento de incapacidade e impotência para revolver de mim sentires instalados, quase como quem aguarda o inevitável..?
Invento razões positivas para afastar um sentir que não desejo... concedo-me o «título» de racional...
mato em mim as imagens que me prendem...
Quero morrer de pé.
Esta é a verdade linear que tento recompor.
Nesta tentativa, anseio renovar-me límpida. Expurgada de devires passados.
Acaso me iludo?
Acaso não sei já distinguir o que me anima?
Sou uma sentimental. Sei-o.
Mas não me possui esse sentimentalismo lusíada, fonte de tanto mal-entendido, de tanta cedência. Móbil das nossas mais profundas fraquezas.
Desdenho o saudosismo e a melancolia do fado. Não gosto de vaguear por limbos..
Quero ser autêntica. Verdade.
Não me basta ser sincera.
Na sinceridade mistura-se a comédia e o drama, o sarcasmo e a ironia, a seriedade e o jogo.. Toda uma complicada trama de razões e sentimentos.
Não troco o autêntico pelo sincero.
É essa autenticidade que reforça o meu espírito exangue e exausto para que tudo volte a ser premente e comunicável.