segunda-feira, maio 21, 2007

« Cogitare »




Assolar-me-á o sentimento de incapacidade e impotência para revolver de mim sentires instalados, quase como quem aguarda o inevitável..?

Invento razões positivas para afastar um sentir que não desejo... concedo-me o «título» de racional...
mato em mim as imagens que me prendem...
Quero morrer de pé.

Esta é a verdade linear que tento recompor.
Nesta tentativa, anseio renovar-me límpida. Expurgada de devires passados.

Acaso me iludo?
Acaso não sei já distinguir o que me anima?

Sou uma sentimental. Sei-o.
Mas não me possui esse sentimentalismo lusíada, fonte de tanto mal-entendido, de tanta cedência. Móbil das nossas mais profundas fraquezas.
Desdenho o saudosismo e a melancolia do fado. Não gosto de vaguear por limbos..

Quero ser autêntica. Verdade.
Não me basta ser sincera.
Na sinceridade mistura-se a comédia e o drama, o sarcasmo e a ironia, a seriedade e o jogo.. Toda uma complicada trama de razões e sentimentos.
Não troco o autêntico pelo sincero.
É essa autenticidade que reforça o meu espírito exangue e exausto para que tudo volte a ser premente e comunicável.

quinta-feira, maio 10, 2007

A Flor



« I've got you under my skin.
I've got you deep in the heart of me.
So deep in my heart that you're really a part of me.
I've got you under my skin.

I'd tried so not to give in.
I said to myself: this affair never will go so well.
But why should I try to resist when, baby, I know so well
I've got you under my skin? »


Ao som desta música descubro raízes e beijo-as com o coração..
A flor que julgava emurchecida... ainda me habita viçosa..
Pouso-a como se fosse uma criança, ou uma pena, ou uma saudade.
As suas pétalas sorriem para a minha angústia com um sentimento de impotência..
Sorriso desolado, por saber que o seu perfume definha solitário... sequioso.
Mergulho a flor na água que a ausência devia matar..
Relembro o imenso e fértil campo donde me sorria majestosa..
E nele respiro o aroma que me falta.. adivinhando o som da tua voz..
Correm os dias, e a flor, desenraizada, resiste estoicamente à sequidão que a rodeia... sem fenecer sob o peso do meu respirar..